SÃO PAULO – Mohamed D’Ali Carvalho, de 20 anos, acusado de matar e esquartejar a inglesa Cara Marie Burke, de 17, se mostrou arrependido durante uma coletiva concedida à imprensa nesta quarta-feira, na Delegacia de Homicídios de Goiás. “Agora, quero pagar pelo que fiz”, disse aos jornalistas. Segundo a polícia, Mohamed assumiu o crime durante a coletiva. “Estou arrependido. Tenho pena da mãe da Cara”, disse.
De acordo com o delegado Carlos Raimundo Batista, um dos responsáveis pelo caso, Mohamed tentou justificar o crime culpando o uso de bebidas alcoólicas e drogas.
Em coletiva, segundo a polícia, Mohamed teria dito que não se lembrava dos detalhes do dia do crime, pois “tinha usado muita droga e bebido muito. E nunca faria uma coisa dessas se não tivesse sob efeitos de drogas”.
Questionado pelos jornalistas, o supeito deu detalhes do crime e confirmou a versão da polícia de como matou, o esquartejamento e a ocultação do corpo. Mohamed disse ainda que teme ser morto no presídio.
O suspeito pelo crime já está preso preventivamente até o dia 29 de agosto. Agora, o delegado responsável pelo caso, Carlos Raimundo, está escrevendo os laudos da investigação e entregará à Justiça para que a promotoria ofereça denúncia formal contra Mohammed.
Fim das buscas
O corpo de Bombeiros de Goiás encontrou, na manhã desta quarta-feira, por volta das 10h40, a perna direita de Cara. Com isso, todas as partes do corpo da menina foram reunidas e as buscas encerradas.
A perna estava na mesma região em que foram encontrados os outros membros, no Ribeirão Sozinha, localizado na cidade de Bonfinópolis, interior do Estado.
Agora, segundo a polícia, o caso está encerrado. Mohammed será indiciado por homicídio com o agravante de ocultação de cadáver e esquartejamento. Se condenado, ele pode pegar até 36 anos de prisão.
Dono do carro também será indiciado
O dono do carro usado por Mohamed para transportar o corpo da vítima também será indiciado. Cristiano da Silva, de 27 anos, responderá por “partícipe”, quando tem alguma participação no ocorrido, no caso, ter emprestado o carro ao suposto assassino sabendo o que era transportado. Se condenado, ele pode pegar de um a três anos de prisão.
“Como ele deixou o carro ser usado e não comunicou nada a polícia e a ninguém, ele será indiciado”, disse o delegado Carlos Raimundo, responsável pelo caso. Porém, o delegado não pedirá a prisão do rapaz porque, segundo ele, Cristiano não oferece risco às investigações.
Entenda o caso
Futura Press |
Mohammed é suspeito de esfaquear, matar, esquartejar e jogar os pedaços do corpo da estudante inglesa Cara dentro de dois rios em Goiânia. Ele foi preso na última quinta-feira, dia 31, no setor universitário de Goiânia.
De acordo com o comandante do Batalhão de Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam), Cláudio de Oliveira, o suspeito confessou o crime e disse que resolveu matá-la, pois ela iria contar para seus pais e à polícia que ele era viciado em cocaína.
Mohammed não ofereceu resistência à prisão e foi classificado como uma pessoa “extremamente fria”. Inicialmente, ele disse que costuma usar cocaína com freqüência, mas informou não ter cometido o crime sob o efeito do entorpecente. Entretanto, em uma entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira, ele admitiu ter usado drogas e bebido muito, e que, sem isso, não seria capaz de tal atitude.
Depois de tê-la esfaqueado e matado, segundo a polícia, o rapaz guardou o corpo de Cara no box do banheiro e foi a uma festa. No domingo, resolveu esquartejá-la para facilitar a retirada do corpo do imóvel. O ato foi feito com uma faca grande com cabo branco, como as de açougueiro, contou Oliveira. Em seguida, colocou o tórax da adolescente em uma mala e jogou dentro do Rio Meia Ponte, na Região Leste de Goiânia.
Não satisfeito ainda, segundo a polícia, dirigiu 60 quilômetros com as outras partes do corpo – membros e cabeça – da vítima no carro e jogou-as em outro rio. Todas as partes do seu corpo foram encontradas pela PM, que atuou com duas equipes e com mergulhadores nas buscas.
O rio, segundo o major, é bastante raso, o que facilitou o trabalho da polícia. Os bombeiros auxiliaram nas buscas e a polícia científica esteve no apartamento onde ocorreu o crime.
A faca utilizada no ato foi achada dentro de um bueiro na rua da casa do suspeito. Segundo a polícia, o rapaz conheceu a menina em Londres, em um intercâmbio e não era namorado da garota.
A jovem foi identificada pela família através de duas tatuagens, exibidas em um canal internacional de notícias.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios de Goiânia. A embaixada britânica em Brasília informou que tomou ciência do caso e está acompanhando o trabalho da polícia de Goiás.